quarta-feira, setembro 13, 2006

Inclusão Escolar

Dia desses, procurando um grupo yahoo pra meu marido, acabei estendendo-me em minhas pesquisas e interessei-me por um grupo ligado a questões de educação infantil, área em que trabalho.
Pensei que, por estar ainda impossibilitada de dar continuidade aos meus estudos por uma pós-graduação, seria uma boa oportunidade pra me atualizar e repensar temas voltados à minha área de atuação.
Hoje me deparei com uma discussão voltada ao tema da inclusão que tem sido abordada na novela "Páginas da Vida".
Uma das integrantes do grupo convidava os demais a discutirem a atitude da professora da menina Clara, portadora da Síndrome de Down.
Participei com a seguinte opinião que divido com os interessados a lerem:

"Bom dia a todos os integrantes do grupo,

Penso que a questão da inclusão vai bem mais além.
A atitude da professora da novela mostra-se fruto de um total despreparo como ela mesma admite: não saber lidar com a situação.
Percebam que a escola enqto instituição responsável por seus professores tb só se atentou para o problema por causa da intervenção direta/insistente da mãe (Helena).
Sendo uma escola de ensino regular e ainda por cima particular, ao tomar a decisão de incluir crianças "especiais", não deveria ela realizar palestras de orientações a seus profissionais?
Não deveria a orientação pedagógica da escola estar acompanhando mais de perto cada um desses casos auxiliando os professores em suas dificuldades?
Eu mesma, quando formei-me em pegadagogia lá pelos idos de 1996, não tive uma cadeira direcionada à Educação Especial.
E os cursos de Pedagogia atuais? Tem tratado o tema com seriedade orientando devidamente os futuros formandos?
No Brasil, tudo acontece assim... as coisas caem de pára-quedas sobre as escolas e professores sem que haja um prévio preparo de todos.
A questão da inclusão vem sendo discutida a algum tempo, mas há que se considerar que toda mudança requer uma estrutura que a comporte.
Não há por parte do governo real comprometimento com a educação em nosso país, ela só se faz importante/prioritária em época de campanhas eleitorais.
As escolas, todas que se envolvam na questão da inclusão, deveriam receber cursos ou palestras de capacitação para ao menos alguns de seus profissionais e estes se tornarem multiplicadores aos seus colegas em suas unidades de trabalho.
Seria oportuno ainda, firmar convênios com entidades como APAE's promovendo um intercâmbio entre os profissionais envolvidos.
O professor precisa conhecer o problema para saber como lidar com ele; ter orientações sobre até onde se pode avançar e como fazê-lo.

Acredito que a prática do trabalho diversificado em salas de aula possam ser uma boa alternativa em classes diferenciadas seja ela como for.
Eu utilizo desta prática em minha sala de aula com resultados muito positivos.
Sou professora da rede pública municipal de ensino. Leciono em uma creche trabalhando com uma turma de Pré I (4-5anos) com 24 alunos.
Em dias alternados da semana, organizo as mesas em grupos de 4 a 6 lugares, distribuindo diferentes atividades em cada uma delas, possibilitando que as crianças vivenciem diferentes estímulos à aprendizagem.
Em uma delas, primordialmente, aplico atividades voltadas à aprendizagem da leitura e escrita e esta mesa tem minha atenção redobrada, sendo as demais: massa de modelar, jogos de encaixe, cantinho da leitura (livros de história), desenho livre (com giz de cera, lápis de cor ou canetinha) e colagem livre (mesa de recorte e colagem).
Fica mais fácil orientar questões complexas a grupos menores de alunos. Daí o retorno se faz bem mais garantido.
É mais fácil eu me atentar a 6 alunos que a 24 em questões que exijam minha orientação, direta, concordam?
Fica aqui minha opinião e sugestão de trabalho.

Sucessos a todos que se aventuram à arte de educar."

4 comentários:

Claudinha disse...

Oi, amiguinha!
Bom, primeiro agradeço o convite. Não acompanho a novela mencionada (aliás, nenhuma novela)mas o assunto faz parte de uma realidade que vivenciamos na escola em que minha filha está.
No jardim I havia uma menina com necessidades especiais. A professora, que não tinha especificamente nenhum aprofundamento nas questões pedagógicas desta natureza, teve clareza e coerência, carinho e dedicação para tratar com a menina. Seja na inclusão das atividades ou na socialização com a turma. Acredito que foi muito mais por seu despojamento de 'pré'-conceitos que a sustentaram num caminho feliz.
Hoje, numa outra turma soube de outra menina que necessita de atenção. Entretanto, com grande lástima, percebe-se que a professora não consegue 'manejar' com a turma e nem com a menina. Minha filha comentou que ouve os gritos da professora que está na sala ao lada da sua. Percebo que a escola não está, também, apoiando a profissional. Uma monitora para dar-lhe apoio seria bem pertinente.
Creio que, neste caso, família, escola, professor devem sentar e conversar. Ninguém chega a lugar algum sem estabelecer uma parceria clara e saudável.
Teria bem mais para colocar, mas o espaço é pequeno.
Bjus e um abraço bem grande, Maçãzinha!

Anônimo disse...

Olá!!
Que alegria encontrar uma pessoa de Marília!!
Eu tb moro em Marília!!!
Adorei seu blog, parabéns!!!!!!!
Aceite meu award!!!!
beijos

SACANITAS disse...

ola jac! :)

nao costumo assitir novela. falta de tempo, nao gosto muito etc.

mas eh nessas horas que tenho que tirar o chapeu pois a novela abrange uma grande camada da populacao e desperta questionamentos muito importantes como esse das criancas especiais.

e o seu comentario no grupo foi impecavel! :)

um beijo carinhoso e bom restinho de semana pra vc!

:****

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Tati Buratti disse...

Jac, querida!

Concordo com vc!
Não adianta exigir que os professores sejam ótimos nessa questão também se não receberem orientação e preparo para isso. Porém, tem de haver interesse do professor tb.

Aqui no DF, também é Lei que se aceite crianças portadoras de deficiências no ensino regular (acho que é Lei Federal, né?). Ainda não tive a oportunidade de presenciar como as aulas funcionam de fato, mas não sei se há um bom preparo desses professores, o que acredito ser essencial. Afinal, sabemos como é a educação em nosso país, né? Torço para que o trabalho nas séries iniciais esteja sendo feito direitinho nas escolas daqui. Infelizmente, ainda não atuo como professora pra te dar um feedback mais real.

Engraçado vc me convidar a comentar sobre isso. Raramente assisto a essa novela, na verdade. Só que no dia anterior, eu assisti exatamente a esta cena, da diretora conversando com suas professoras a respeito da inclusão. E, dessa professora em particular, senti um pouco de "preconceito". Claro que não depende só dela, mas simplesmente dizer "não estou preparada para isso" não resolve o problema. Nem dela nem das crianças nessa situação. Mesmo pq, as outras professoras estavam dispostas a fazer ativadades extra-classe com essa criança, de forma a deixá-la mais à vontade e melhorar o seu desempenho. Enfim, "ela" (aqui falo por professores em geral) pode ter a opinião dela e não querer mesmo participar dessa iniciativa, mas não gostei de sua atitude, rs... Afinal, que chances de inserção na sociedade terão essas crianças com atitudes como essa, não é?

Ótimo tema, Jac! No faz pensar um pouquinho nas coisas ao nosso redor!

Bjo pra vc e um ótimo fds!
=)