terça-feira, julho 25, 2006

Lições de vida

Fatos recentes me fizeram recordar minha casa, meus pais, base do que sou.

Minha mãe é costureira e tinha uma característica muito própria: gostava de costurar à noite, quando o silêncio se instalava, entrando a madrugada.
Nós já estávamos acostumados a esta rotina.
O ruído de sua máquina de costura não nos incomodava a terminar de assistir a um programa de tv ou a dormir.
Qual nada, acabara se tornando nossa canção de ninar.
Muitas vezes nem sabíamos a que hora ela teria ido se deitar.

E me recordo do meu pai com uma certa admiração.
Meu pai nunca reclamou de nada, deitava e dormia sem o menor problema, muitas vezes com longos cochilos no sofá.
Interessante lembrar como meu pai administrava a liberdade no relacionamento.
Nunca acorrentou, nem se deixava acorrentar.
Minha mãe custou muito a entender isso, costumava falar com tom de queixa: "Até parece que sou viúva de marido vivo", pelo fato de meu pai não a acompanhar em muitas de suas saídas.
Ele sorria, deixava-a ir, mas não estava com vontade... não ia e pronto.

E pensa que minha mãe não aproveitava? Participava de acampamentos de oração que por vezes duravam 3 ou 4 dias em outras cidades como Cruzeiro e Aparecida do Norte, qdo podia viajava pra casa de parentes e até a um show do Roberto Carlos foi assistir no Canecão (Rio de Janeiro).

Meu pai não só deixava como muitas vezes financiava e acima de tudo... confiava.

Interessante, o tempo passou, hoje meus pais já estão perto de comemorar 40 anos de casados, ao contrário de antigamente, viajam muito juntos, minha mãe é incapaz de ir a casa de uma filha deixando-o pra trás... e ele gosta de estar junto. Mas ainda preservam sua individualidade de gostos: ele envolvido com os projetos da associação de aposentados, ela com as reuniões de seu grupo de terço. Cada qual pro seu lado, sem culpas ou cobranças.

Minha mãe acabou se acostumando com o jeito de seu velho companheiro. E parece que herdei um pouco desse jeito de meu pai. Não aprisiono!

Pra mim, sinônimo de amor é a felicidade do outro. Se quem amo está bem e feliz, isso me alegra a alma. Não sou ciumenta, dominadora... confio.
Não ouso direcionar: faça isso, não faça aquilo. Na verdade, nem sei como fazê-lo.
Acabei encontrando a explicação em minhas lembranças... lições de vida, que meu pai passou pra mim e sem querer, aprendi.
Mas paga-se um preço...

8 comentários:

Claudinha disse...

Oi amiguinha!
Interessante este relacionamento, mas lhe pergunto: a cumplicidade e o companheirismo estariam em criar os filhos? Sim, pq esta é uma das vigas mestras do casal: famalía. Mas e o casal? Ele ter sua individualidade não é nada de anormal, parece que criamos os filhos assim... mas não acompanhar sua mãe...eu fico triste qdo o marido não me acompanha, nem que seja uma ou duas vzs. Sempre vou a lugares onde há casais, então me sinto só, mesmo que me divirta bastante. É como se eu fosse avulsa. E não creio que isso tenha haver com prender alguém - claro que existe isso, basta ver qtos crimes passionais acontecem movidos por essa possessão. Mas o fato é que compartilhar com quem amamos os momentos de alegria e diversão é construir a identidade do casal. Claro, cada um arruma uma forma de lidar com isso, até mesmo desculpando e acostumando. C'est la vie!

Anônimo disse...

Oi querida blogueira? Sabe, quando venho por aqui e leio suas palavras me dá uma vontade de escrever o meu blog, deve ter meses que não atualizo ele! Mas fazer o quê?
Legal esse relacionamento de seus pais, serve de exemplo pra gente! Bjos e saudades!!!

Anônimo disse...

oi ....que lindo é muito tocante o seu jeito de escrever....
Sou sua fã!!!!Beijos

Anônimo disse...

Oi Jacq,é bom quando percebemos o quanto aprendemos com nossos pais...não posso dizer que sou assim como vc descreveu, mas estou pra chegar lá, pois venho percebendo que ninguém é de ninguém e quanto mais vc prende mais o outro escapole. Um dia eu chego lá rsrrrss
Beijos e fique com Deus

Anônimo disse...

Oi oi ...chegou seus livros aí? me de noticias..kd vc?

Anônimo disse...

Jac minha linda, td bem? Que saudades! Vim te visitar e dizer que tirei o Diario do hiatus, voltei a blogar. Seu cantinho novo ta lindo, parabens!!! Um bjo com carinho,
Ci

Zé Carlos disse...

Jac querida, está acima toda a explicação do porquê de você ser esta pessoa maravilhosa... oriunda de uma família estruturada. Cada qual com seus gostos e costumes, mas na base é sempre a mais correta e real....
Bjs do seu amigo....

Anônimo disse...

Que saudade, amiga!! Passei uns dias fora, estava de férias. Não via a hora de poder colocar as coisas aqui em casa em dia prá poder curtir de novo os blogs das minhas amigas... Beijão prá vocês aí e tenham dias iluminados!